22 de janeiro de 2019
Por Palmir
Milhares de empregos em risco: líder árabe assume que Arábia Saudita suspendeu importação de frango de 33 frigoríficos por retaliação

A Arábia Saudita, país que é o maior importador de carne de frango do Brasil, suspendeu a compra de 33 frigoríficos, após Bolsonaro anunciar mudança da embaixada brasileira para Jerusalém. Agora restam 25 autorizados. Outros países da região podem fazer o mesmo e o Brasil pode perder 240 mil empregos. Entre as unidades descredenciadas estão JBS e BRF, gigantes do setor.

 

A Arábia Saudita, maior importadora de frango do Brasil, excluiu 33 frigoríficos brasileiros de sua lista de exportadores e milhares de trabalhadores e trabalhadoras podem ser demitidos nos próximos dias.

O anúncio do país, onde 90% da carne consumida é brasileira – o que dá ao Brasil um saldo comercial de US$ 1,012 bilhão -, feito nesta terça-feira (22), é uma retaliação à decisão de Jair Bolsonaro de transferir a embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém.

Ao atender aos caprichos da bancada evangélica que acredita que Jerusalém é a capital santa do povo judeu, Bolsonaro colocou em risco o emprego de mais de 240 mil brasileiros que trabalham nos frigoríficos cujas plantas são especializadas no corte Halal, especialmente feito para consumo daqueles países, respeitando a religião do povo árabe.

São 80 mil empregos diretos e outros 160 mil indiretos ameaçados após a suspensão da importação de carne de frango, diz Célio Elias, secretário de Saúde da Confederação Democrática Brasileira dos Trabalhadores da Alimentação (Contac). “Cada planta tem entre 1.500 a 2.000 mil trabalhadores, contando os granjeiros, os produtores de milho para ração, pequenos agricultores, motoristas de caminhão, além do comércio de 35 cidades brasileiras que dependem economicamente desses frigoríficos, o estrago será muito grande”, afirma o dirigente. “Há muita preocupação entre os trabalhadores por causa do desemprego”.

Já para o presidente da Contac, Siderlei de Oliveira, a decisão do governo é um tiro no pé para a recuperação econômica do país, lembrando que o setor esperava um aumento nas exportações.

“Isto vai liquidar com a nossa economia, pois esperávamos um aumento nas exportações do setor”, diz Siderlei, acrescentando que acredita que outros países árabes irão na mesma direção da Arábia Saudita e suspenderão toda a importação de carne de frango brasileira.

Os estados que devem ser mais afetados economicamente com a decisão de Bolsonaro são Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Groso do Sul, Minas Gerais e Bahia, onde estão localizados a maioria dos frigoríficos que tiveram a importação de carne de frango suspensa pela Arábia Saudita .

“Já tem outros países de olho no mercado árabe. Vamos perder para o Canadá, Espanha e os Estados Unidos que disputam o mercado de frango com o Brasil, por uma questão religiosa de Bolsonaro”, critica Siderlei.

 Cancelamento é retaliação política, diz Amr Moussa, ex-secretrário da Liga Árabe

Apesar do governo brasileiro afirmar que a decisão para o cancelamento das importações é “técnico” ficou óbvio que a decisão – após sucessivas declarações de Bolsonaro, e de seus filhos, sobre a iminente mudança da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém – foi um recado do mundo árabe: tomar posição a favor de Israel terá conseqüências econômicas e políticas.

A irritação no mundo árabe teria crescido com a visita de Eduardo Bolsonaro (deputado federal) aos Estados Unidos, onde – com um boné de Trump na cabeça – afirmou que a mudança da embaixada estava decidida e que “a pergunta não é se, é quando”.

De acordo com o matéria publicada no jornal “O Estado de São Paulo” (assinada por Jamil Chade, enviado especial do jornal a Davos), Moussa teria dito que o  mundo árabe está enfurecido com o Brasil. “Essa é uma expressão de protesto contra uma decisão errada por parte do Brasil. Muitos de nós não entendemos o motivo pelo qual o novo presidente do Brasil trata o mundo árabe desta forma.”

 Entenda o caso

Os judeus consideram Jerusalém sua capital, mas os palestinos também querem que a cidade seja a futura capital quando for criado o Estado da Palestina.

A ONU, ao criar o Estado de Israel em 1948, não reconheceu Jerusalém como capital dos judeus.

É por isso que todos os países mantêm suas embaixadas em Tel Aviv, adotando a prática sugerida pelas Nações Unidas de neutralidade em Jerusalém, já que o local é sagrado para as três maiores religiões monoteístas: a judaica, islâmica e cristã.

Israel ocupa Jerusalém Oriental desde a guerra de 1967 e, posteriormente a anexou num ato nunca reconhecido pela comunidade internacional.

Gazeta Trabalhista, com informações da CUT

 Foto: Agência Brasil

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